Comece a ler Legalmente Apaixonados agora.

Quem tal embarcar em uma viagem literária ✈️ para Edimburgo, na Escócia?

Genevieve Johnson só aceitou aquele "emprego" por pressão do pai. Era algo temporário até começar o mestrado. O problema é chegar no escritório e descobrir quem é o seu novo chefe.
O escritório que Lewis Maddox é sócio está passando por uma crise. E a culpa é dele. Mas nada é tão ruim que não possa piorar e, quando a nova secretária aparece, ele sabe que vai ter que enfrentar seu passado.
Para lidar com essa situação nada ideal, eles vão querer transformar a vida do outro em um inferno, mas sem perder o profissionalismo.

— Desde quando fazemos caridade? — exclamou Lewis Maddox, olhando sem poder acreditar para Jack Lefkowitz, seu amigo desde a universidade e sócio no escritório de advocacia. — Não acho uma boa ideia contratar a filha de Albert Johnson, por melhor cliente que ele seja.

— Não é apenas um bom cliente, Lewis. É nosso melhor cliente e um dos melhores amigos do meu pai. Ele me pediu como um favor pessoal.

— Tenho certeza que ela é uma garota malcriada que não sabe fazer nada — respondeu de forma pouco educada. — O que vem depois? Vai querer que nos casemos com ela?

Jack explodiu em uma gargalhada.

— Bem... não seria nada mal para a gente um casamento de conveniência. Estamos quase no vermelho e um acordo assim com Albert Johnson poderia nos salvar da falência. Além disso, ele não nos pediu que a empregássemos, somente que a aceitássemos como estagiária. Não nos vai custar nem uma só libra e teremos uma secretária que fará todo o trabalho sujo do escritório. Mesmo que ela seja uma inútil, se souber xerocar, já será de alguma ajuda.

— Vendo por esse lado...

— Não há outra forma de ver: uma secretária grátis! — Levantou as sobrancelhas.

— Mas por que tem que ser minha secretária e não sua? — Lewis tomou um gole do café e sorriu com confiança para a garçonete da cafeteria. Essa garota nova era incrível.

— Eu já tenho a Miranda.

— E eu, o Carter. Com os ciúmes que ele sente do seu próprio trabalho, vai pensar que eu quero substituí-lo por essa filhinha de papai.

Jack levantou o braço para chamar a garçonete, que chegou até a mesa rapidamente mas ficou encarando o Lewis.

— Um sonho de creme para levar. — Assim que a garçonete bonita saiu, Jack olhou para Lewis. — Quem a chamou fui eu, por que ela olhou para você?

— Sou mais bonito. — Lewis voltou a sorrir para a garçonete enquanto ela colocava o sonho na embalagem. — Você vai comer isso? Sabe quantas calorias tem? É uma verdadeira bomba de açúcar — Lewis falou com desprezo.

Jack olhou incomodado para o seu amigo e negou com a cabeça.

— É para Miranda.

Lewis suspirou teatralmente com os olhos virados e disse:

— Entendo.

— Se não levo um doce para ela, ela briga comigo — explicou.

— Desde quando sua secretária tem poder sobre você? — Lewis riu, sem tirar seus olhos azuis da garçonete.

— Desde o primeiro dia que a vi.

— Bem, continue agindo assim e ela só vai aparecer nos seus sonhos mesmo.

— Esse comentário é cruel e você sabe.

— Ah, Jack, vai, não se irrite comigo. Você sabe que estou brincando.

Seu amigo fechou os olhos e suspirou profundamente.

— Você é incorrigível. Mas voltando ao assunto. A filha de Albert Johnson começará amanhã. Então vai se acostumando com a ideia.

— Já estou de acordo, mas sigo sem entender por que você não pode ficar com ela.

— Já te disse, Miranda não aceitaria que eu colocasse outra mulher sob minha responsabilidade.

Lewis revirou os olhos.

— Está bem, mas será você quem vai contar ao Carter.

— Negócio fechado — respondeu estendendo a mão para fechar o acordo.

— E ficará me devendo um favor — acrescentou, pegando a mão de seu amigo e sacudindo-a com vigor.

— Agora você está abusando. Não estou pedindo tanto assim. E, pensa bem, você terá dois assistentes pelo preço de um. O que mais um homem pode querer?

— Ganhar na loteria!

— Nisso não posso te ajudar, mas tenho certeza de que essa menina não será tão inútil como você pensa.

— Como você bem disse, se souber xerocar me darei por satisfeito. Seria melhor ainda se pudesse atender o telefone, anotar alguns recados e me trazer café… — fez uma pausa reconsiderando — se bem que, é melhor não. Gosto da vista da cafeteria.

De novo, fixou os olhos na garçonete que nesse momento estava atarefada preparando uns pedidos para levar a uns clientes escandalosos. Como se tivesse percebido o olhar de Lewis cravado em si, virou-se e esboçou um leve sorriso.

— Não abuse. É a filha do Albert, não podemos escravizá-la.

— Não disse que faria isso, só disse que já que ela estará à minha inteira disposição, me aproveitarei da situação — afirmou, provando o café.

— Me prometa que vai tratá-la bem.

— Tem a minha palavra. — Jack virou os olhos com desconfiança. — Se você se preocupa tanto com como vou tratá-la, insisto que cuide dela.

— Nada disso. É sua responsabilidade lidar com esse pepino.

— Durante quanto tempo?

— Seis meses no máximo. É só até ela começar o mestrado.

Lewis levantou as sobrancelhas e considerou:

— Ah, então talvez ela não seja tão inútil como imagino. O que será que ela estuda?

— Só você achou que ela seria inútil. Pelo que sei a menina tem cérebro.

— Se ela tem cérebro por que precisa que seu pai a enfie em nosso escritório?

— Pois isso eu não sei responder. Você terá que perguntar amanhã.

— Agora fiquei ansioso — ironizou Lewis, levantando o dedo para chamar a garçonete que de novo se aproximou rapidamente dos sócios. — A conta e seu telefone.

— O que disse, senhor? — perguntou ela surpresa.

— A conta, por favor — disse Lewis, ignorando a segunda parte do seu pedido dessa vez. Se essa garçonete bonita queria algo com ele, acabou de perder a oportunidade. Não gostava de mulheres que se fingem de santa sem sê-lo.

— Filho da mãe. — Jack observou a garçonete ir embora pelo canto do olho. — Não consigo entender seu sucesso com as mulheres.

— Dou aquilo que elas querem — garantiu malicioso.

— As mulheres querem ser maltratadas? — implicou Lewis.

— Não exatamente — respondeu. — E diga, como se chama essa menina?

— Heather.

— Então é Heather Johnson. Muito bem.

Jack começou a rir, balançando a cabeça.

— Achei que você estava falando da nova garçonete.

— Não, me refiro a menininha que você delegou aos meus cuidados pelos próximos meses.

— A filha de Albert Johnson se chama Genevieve e não é nenhuma menininha.

Genevieve Johnson? Escutar esse nome de novo depois de tantos anos mexeu com Lewis mais do que ele esperava, deixando-o sem reação de repente. Podia ser mera coincidência e a filha de Albert só tivesse o mesmo nome da Vivi com quem ele saiu durante alguns meses no verão de 2008, mas algo em sua cabeça dizia que essa probabilidade era tão baixa quanto ganhar na loteria. Deveria indagar um pouco mais para ter certeza.

— E quantos anos ela tem? — perguntou tentando calcular as probabilidades.

Jack olhou para ele como quem tivesse pensando.

— Imagino que uns vinte e cinco — disse ao final de alguns segundos.

Era claro como água. Com certeza era ela. Precisava saber mais. A ideia de ter que lidar no dia a dia com uma estagiária não lhe agradava, mas se a estagiária em questão fosse Genevieve Johnson as coisas mudavam bastante. Poderia até ser divertido. Lewis sorriu para si mesmo.

**

— Estou bem assim? — Gene perguntou à sua amiga Sarah, colocando-se diante dela com a roupa que havia escolhido para seu primeiro dia no Lefkowitz & Maddox Associados.

Sua amiga a observou do sofá, deixando sobre a mesa o copo de achocolatado que estava tomando, e franziu o nariz.

— Poderia ter se maquiado um pouco. Está mais branca que o Gasparzinho.

— Vou trabalhar, não trepar — respondeu ela séria.

— Sei que você vai trabalhar, mas isso não te impede de ir bonita.

— Quero parecer uma mulher profissional.

— Isso você terá que mostrar.

— Tenho muito para mostrar — garantiu, abrindo a geladeira para se servir de um copo de suco de toranja. — Devem pensar que sou uma inútil.

— Ah, vai! Só porque teu pai pediu que eles te contratassem?! Não é e nem será a primeira indicada da história. O mundo do trabalho está cheio de indicados e um empurrãozinho é sempre bom no começo. Como querem que tenhamos experiência se não nos contratam porque não temos experiência? É um paradoxo! Além disso, você é uma moça esperta e tenho certeza de que você mostrará seu valor. Eles vão se surpreender, você vai ver.

— Não entendo nada de leis, não sei como meu pai achou que seria uma boa ideia me colocar em um escritório de advocacia — disse Gene mordendo o lábio com força, quase fazendo um machucado, enquanto servia o suco.

— Nem precisa saber, vai ser secretária. Então se anima, mulher! Tenho certeza de que será incrível.

— Estou muito nervosa — disse e levou à boca o copo com o suco com tanta vontade que parte do líquido caiu sobre a blusa branca, molhando o pescoço e a gola da camisa. Pegou um pedaço de papel toalha e secou a bagunça. — Era só o que me faltava. Agora também estarei cheirando a toranja.

— É normal que esteja nervosa, é teu primeiro dia — falou Janice entrando na sala com um suéter preto justo no corpo e uma calça justa branca que ficava linda em sua forma — e você está vestida como alguém indo para um enterro. Por que não coloca algo mais bacana?

Gene consultou seu relógio de pulso e negou com a cabeça.

— Não tenho tempo nem pra me trocar. Tenho que estar lá às oito e se não sair agora, perderei o ônibus e chegarei tarde em meu primeiro dia. Bonita primeira impressão: atrasada e com a blusa manchada.

— Toma, coloca meu suéter que dá tempo — diz Janice, tirando o casaco que estava usando e oferecendo-o com um sorriso — e coloca um pouco de cor nesse rosto, parece que levou um susto.

— Você também? Tá bom! — acatou Gene, começando a desabotoar a camisa enquanto se dirigia com toda pressa em direção ao banheiro para pegar sua necessaire. — Pronto, é o melhor que consigo — disse ao sair, agitando-a no ar diante de suas duas amigas. — Me desejem sorte, meninas.

— Muita sorte, Genevieve — dizem em coro uníssono.

— Não está se esquecendo de nada? — acrescentou Sarah tapando a boca com a mão.

— O quê? — Elas estavam rindo muito.

Entre risos, Janice lançou, do sofá, o suéter para Gene.

— Só porque gosto de você, se não te deixava sair para a rua só de sutiã — brincou.

As gargalhadas das suas amigas a perseguiram até que fechou a porta. Quando se virou, deu de cara com os olhos arregalados de seu vizinho e senhorio, o senhor MacDermot.

— Bom dia! — Gene o cumprimentou com um ar muito formal enquanto se embutia dentro daquele casaco de um tamanho menor que o seu. Quase teria sido melhor aparecer no escritório com a blusa manchada do que com os peitos a ponto de explodir naquele minúsculo suéter.

— Muito bom! — respondeu ele, esboçando um sorriso malicioso. — Estamos no início do mês e preciso lembrar que você ainda não pagou o aluguel.

— Eu sei, senhor MacDermot, e acredite que eu sinto muito. Amanhã mesmo o dinheiro estará na sua conta.

— Assim espero, porque a quantia é ridícula em se tratando de Edimburgo e há muitas jovenzinhas na rua esperando que eu as convide para entrar.

— Eu sei e agradeço muito a generosidade que você tem com a gente. De verdade, muito obrigada — garantiu Gene, notando que o homem não desgrudava os olhos de sua dianteira, mal coberta pelo suéter de Janice. Era um velho tarado que se dedicava a espiar suas inquilinas pelo saguão. — Perdão, mas tenho um pouco de pressa — disse, afastando-o para o lado para descer rapidamente as escadas.

Enquanto descia os degraus de dois em dois, disse a si mesma que teria que mandar uma mensagem para o seu pai e pedir que depositasse sua mesada. Ainda que estivesse começando no trabalho, não receberia até o próximo mês o que era uma grande contrariedade e significava mais um mês dependendo da gratidão paternal. E qual seria o seu salário? Seu pai não havia lhe dito, mas imaginava que não era muito, pelo menos esse não muito era melhor que nada e engrossaria seu currículo, que se restringia a um monte de cursos empresariais e nenhuma experiência profissional.

A passos rápidos, se dirigiu em direção ao ponto de ônibus. O escritório estava em um bairro comercial e se não se apressasse iria chegar tarde.

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